domingo, 6 de janeiro de 2008
Num baile de máscaras assume uma personagem. Madame de... não chega nunca a livrar-se dessa baile, onde deve assumir uma personagem que uma série de convenções determinam. A sua vida é essa longa, interminável noite em que usa a máscara. Que não saberemos nunca quem ela verdadeiramente é, sabemo-lo logo no belíssimo plano inicial que introduzindo o mundo de fantasia - vestidos, joías, pinturas e adornos - nos leva finalmente, até ela, que nos é revelada (?) através do espelho, rosto que por fim se cobre com o véu. Dali em diante - sabemo-lo - aquela mulher que dança, dança, dança, afinal não é mais que um fantasma.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
O Rosto e a Sombra
Uma imagem é, sempre, apenas um fragmento. Uma tensão ("Nuvem que nunca se torna chuva" na expressão de Yeats). A "verdade mimética" da imagem (da imagem fotográfica, por exemplo) não se reduz a uma questão de semelhança com o referente. Por isso, numa fotografia em que o passar do tempo apagou a definição da imagem, ou em que a acção directa lhe impôs uma determinada alteração, o que se vê é, ainda, a imagem a lutar para ganhar corpo, a tomar forma a tudo o que (presente ou ausente) pode tomar como seu - rosto e sombra.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Foi, finalmente, lançado em DVD o filme de Akira Kurosawa RAN, Os Senhores da Guerra. Creio que Shakespeare nunca foi tão bem filmado. Mas não se trata apenas de Shakespeare, trata-se antes do seu grande tema, a absoluta, terrivel, solidão do poder. Kurosawa encena-o espantosamente. Dança a um tempo formal e informe na qual qualquer razão sucumbe. Filme de elipses, o que ao olhar é dado a ver ´sempre menos do que o que à imaginação se sugere, porque a visibilidade do horror está já instalada no cerne do filme, apenas pode proceder em escalada, assumindo o desafio de dar forma ao que o espectador deve imaginar solitariamente mas que não saberia pensar sozinho.
sábado, 1 de dezembro de 2007
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Mopsy, a personagem de banda desenhada criada por Gladys Parker nos anos 40, acredita na monogamia ao ponto de conseguir ter várias relações monogamicas ao mesmo tempo. O segredo - simbolicamente representado - está na simultaneidade: vários ao mesmo tempo são só um (princípio metafísico das orgias).
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