domingo, 25 de novembro de 2007



No belíssimo filme de Joseph L. Mankiewicz, The Ghost and Mrs Muir, Gene Tierney apaixona-se por um fantasma. A situação não deve ser considerada literalmente mas, antes, alegoricamente. Apaixonarmo-nos por um fantasma parece caracterizar bem a nossa condição. É sempre em falha o que sabemos do outro, o que temos do outro, o que guardamos do outro. Ele restará sempre como sombra e a sua sombra restará sempre sob nós. Estar-se apaixonado obriga a esse gesto de descer as escadas, rompendo a noite escura, e como uma frágil chama procurar iluminar o rosto daquele por quem chamamos ou que por nós chama. Certamente: iluminar o rosto do outro é sempre iluminar o seu fantasma.

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